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sábado, 28 de julho de 2012

Último Labigalini - Meu Pai




Meu pai e minha mãe Júlia Taveira. No colo da minha mãe está Irene  e em pé de boina  minha irmã  Durvalina. 1935
Minha mãe e meu pai . A esquerda minha irmã Doraci e a direita minha irmã Irene. Na frente minha irmã Elsa e eu. Fev.1951. 



Certidão de nascimento de meu pai.

Meu pai nasceu em 15 de outubro de 1913, na fazenda São Joaquim, no bairro dos Forões, município de Itapira, SP. Seu nome era um tanto incomum, pois dava a entender que ele era o último filho, mas não foi assim.
Depois de três anos nasceu outro irmão de nome Humberto, que faleceu ainda criança. Ele dizia que sua mãe teve 17 filhos, mas somente 7 sobreviveram, todos homens.
Meu pai casou-se aos 20 anos, com minha mãe Júlia Taveira no dia 18 de novembro de 1933 em Jacutinga. Desta união nasceram 6 filhos: Durvalina, Irene, Doraci, Romildo, Elsa e José Otávio.
Certidão do 1° casamento.

 Como os outros tios, ele também, no lombo do seu cavalo, comprava aves e ovos, quando sobrava tempo. Nesse cavalo colocava-se dois pequenos jacás – um em cada lado - . Os ovos eram colocados dentro destes, em camadas forradas com capim. Pelo lado de fora ficavam as aves, amarradas pelos pés, presas de cabeça para baixo.
Na minha infância, aos 8 anos, meu pai sempre me convidava para ir com ele nesse trabalha, pois eu gostava muito de andar à cavalo.
    Nos domingos, o futebol era sagrado. Meu pai era zagueiro e jogava muito bem, pois era alto e forte. Dificilmente o adversário passava por ele para chutar em gol. Para impedir o avanço ele jogava firme, chegando até quebrar uma perna do adversário e mandar outro para o hospital. Era um verdadeiro trator.
Da esquerda para direita: em pé: Primo Labigalini - Presidente do Time, João Batista Labigalini,  Henrique  Negri, Geraldo Inacio, Ângelo Negri, Alberto Pedro, Belmiro Negri, Elias Labigalini - Vice-Presidente do Time. Ajoelhados: Arlindo Bueno, Antonio e Último Labigalini e Anacleto Tomaz de Aquino. O goleiro é Vitorio Labigalini. Esse jogo foi realizado em junho de 1936 contra o S.N.I (Sociedade Nova Itália) de Jacutinga-MG. O resultado fim um empate.

Vestiário do Bairro Labegalini. Da esquerda para direita: casal de amigos de Linhares-ES, minha cunhada Ednes, meus irmãos Irene e Mário, minha esposa Nilza e Eu. Deitado, meu irmã Ronaldo.
      
                                          FATOS ACONTECIDOS  NA CIDADE
    Em 1946 meu pai vendeu o sítio e comprou uma casa com armazém de secos e molhados – armazém e bar – do Sr. Pedro Rafaelli, situado à Rua XV de Novembro, 77 (hoje Rua Pres. Tancredo Neves, aqui em Monte Sião).
Naquela época a cidade tinha poucas ruas, todas em terra batida. A energia elétrica, precária, era de propriedade de Ramalho & Zuccon, e vinha de uma pequena usina local, onde é hoje Vila São Simão. A luz era fraquinha e os postes ficavam alinhados no centro das ruas.
    O comércio era movimentado e ficava aberto 7 dias por semana, até à noite e não havia descanso. Nessa época eu tinha 8 anos e minha altura não alcançava a balança em cima do balcão. Meu pai fez uma pequena escada de madeira de 2 degraus, aí deu certo.
Além do nosso armazém, havia mais três, um próximo ao outro, dos senhores: Atilio Corsi, Mario Beghini e Pedro Leite. Havia também uma fabrica de farinha de milho do Sr. Basilio Franco.
    Toda criança gosta de jogar futebol. No quintal ao lado da nossa havia um campinho de futebol onde a criançada divertia. Eu não tinha tempo para jogar com eles, precisava trabalhar. Por ser o único filho varão, na época,embora sendo criança, precisava ajudar meu pai.
Somente aos domingos à tarde eu tinha uma folga para ir ao catecismo, onde ganhava um ingresso para assistir a matinê no Cine Brasil, onde exibia o seriado “Flash Gordon”-naquela época o cinema era em frente ao atual Clube da A.A.M., no antigo prédio da Mac Móveis.
    Quando fiquei moço, esse cinema foi transferido para a Rua 29 de março. No antigo prédio passou a funcionar o clube. Nas noites de sábados e domingos havia bailinhos ao som de uma vitrola. Os homens se trajavam de terno e gravata e as mulheres  usavam vestidos.
As músicas de nossa preferência eram executadas por Billy Vaughn e Poli com sua guitarra havaiana.
    Mesmo estando casado, meu pai gostava de dançar.Como minha mãe não dançava, ele ia sozinho com os amigos. Nunca o ouvi cantar ou assobiar, embora gostasse de música.
    Em 1949 ele comprou uma sorveteria, anexada ao lado do armazém, a segunda da cidade, onde fazíamos deliciosos sorvetes. Quando havia festas na zona rural, o nosso sorvete estava lá, mesmo em  época de inverno, transportados por  clientes em bagageiras puxadas por cavalos.
Naquela época não havia isopor para acondicionar os sorvetes, mas dávamos um jeitinho: fizemos uma caixa de madeira onde colocava-se gelo com palha de arroz nos fundos. Dentro dessa caixa colocava-se outra menor, feita de zinco. Em volta dessa também era colocado gelo com palha de arroz até atingir a altura desejada-a palha de arroz impedia que o gelo derretesse-. Terminando esse processo, embalava os sorvetes dentro da caixa de zinco,que durava várias horas sem derreter.

Inauguração da sorveteria-1949.
         

  No nosso armazém, além das vendas à prazo  de trinta dias na caderneta, também vendíamos ao prazo de um ano para os meeiros de café, que  só podiam pagar quando vendessem a colheita.Quando acertavam as contas ainda recebiam brindes: um garrafão de vinho, lata de marmelada ou outros doces.
    Eu, nessa época, já fazia meus “rolinhos”: vendia armas, rádios à pilhas, munições, lampiões  à querosene, comprava  ferro-velho, alumínio e outras coisas.
    No dia 20 de novembro de 1951, minha mãe faleceu aos 38 anos de idade, deixando meu irmão José Otávio recém-nascido, que ficou aos cuidados do casal  Dona Helena e sr. Antonio  Canela  Primo – o  estimado    Canelão – ferreiro habilidoso. Estes foram seus padrinhos de batismo e cuidaram dele até aos seis meses de idade.
Após esse período, minhas irmãs Durvalina, Irene e Doraci  e também a nona, que morava conosco passaram a cuidar do menino.
    Após o falecimento de minha mãe, meu pai ficou doente, acamado por mais de trinta dias, com problemas no nervo ciático e forte depressão pela perda da esposa.Não queria mais ficar morando em Monte Sião. Queria se mudar para bem longe.
Esse fato gerava muita insegurança para nós, seus filhos.
    Nessa época eu tinha 13  anos de idade. Comprava e pagava os fornecedores, administrava bem nosso armazém, sempre com a ajuda das minhas irmãs.
    Essa fase difícil passou e meu pai ficou recuperado.O tempo encarregou-se em cicatrizar as feridas.
  
                                                  MEU PAI AMANDO NOVAMENTE
    No início de 1953, fazia um ano e meio que meu pai estava viúvo. Quando ia a algumas festas estava sempre elegantemente trajado com terno, gravata e chapéu. Tinha 40 anos bem conservados.
Em maio havia uma festa na praça da Igreja do Rosário, para onde ele foi. Um parque de diversões com rodas gigantes, barquinhos e músicas nos alto-falantes tornava o ambiente alegre e festivo. Três moças muito amigas circulavam pela festa e observando os moços. Entre elas estava Maria Canela. Quando passavam perto de meu pai, as três lançavam olhares tentadores.
Comentavam entre si quem teria a sorte de namorar aquele coroa bonitão, simpático, charmoso e bem vestido. Naquela noite nada aconteceu. No domingo à noite, meu pai encontrou-se com Maria e lhe disse da sua intenção de namorá-la. Ela aceitou de imediato. Respeitoso, como nos bons tempos, ele informou que iria pedir permissão ao pai dela, senhor Adolfo Canela. Maria subiu até a praça da Matriz e meu pai ficou sentado na soleira da porta onde é hoje a loja Magazine Fernandes, aguardando o senhor Adolfo que retornava da missa. Meu pai foi ao seu encontro e lhe revelou sua intenção, pedindo permissão para namorar Maria. “Seu” Adolfo, que o conhecia muito bem, concordou, mas com a condição de que o namoro acontecesse em sua casa. (Ele morava na chácara onde reside hoje a Benedita do Pipe, no Bairro Magioli).
Várias noites por semana ele ia a pé até o Magioli, levando sempre consigo um porrete para prevenir de possíveis ladrões ou cachorros bravos.
    Desde que começou a namorar, o comportamento dele mudou para melhor: estava sempre sorridente, alegre e bem disposto. Enquanto ele namorava, eu e minhas irmãs tomávamos conta do armazém.
Na noite em que ficaram noivos, meu pai levou o bando todo para a festa: seis filhos e a mãe dele (minha nona Lúcia). Eu estava feliz com esse namoro e queria que se casassem logo para ganhar uma nova mãe.
    A heroína Maria, 28 anos, mesmo sabendo que iria enfrentar uma difícil tarefa, aceitou casar-se com meu pai, viúvo e com aquela filharada. Ela tinha muita fibra, fé em Deus e disposição para o trabalho.
(Atualmente Maria tem 87 anos. Quando nos reunimos na chácara da família no Bairro Mococa, ela faz questão de preparar deliciosas comidas para todos nós).
                                                        
                                                                O CASAMENTO

    No dia do aniversário de meu pai, quinta-feira, 15 de outubro de 1953, foi realizado seu casamento na Igreja Matriz de Monte Sião.
Um dos padrinhos de meu pai foi seu amigo Teodoro de Lima, que de carro os levou para a viagem de núpcias até Aparecida do Norte. Esse padrinho, permaneceu lá por três dias para trazê-los de volta.
    Maria casou e já ganhou de presente seis filhos e uma sogra (nona Lúcia morava conosco).
    Como ela havia previsto, a nova vida convivendo o dia a dia com os enteados não foi nada fácil. As dificuldades de relacionamento com enteados de diversas faixas etárias eram comuns, sempre apresentando divergências de opiniões. A nona gostava muito de Maria e procurava acalmar os ânimos, dizendo a ela que tivesse paciência e que tudo daria certo. Minha irmã mais velha Durvalina, tinha 19 anos. Irene, 18, Doraci 16, eu 15, Elza 7 e José Otávio 2 anos. Na festa de aniversário deste, Maria confeccionou uma linda roupa para ele.
Maria sofria em silêncio. Nada dizia ao meu pai para não aborrecê-lo.
    Minhas irmãs foram se casando e novos filhos de meu pai com Maria foram surgindo. Quando nasceu o primeiro, Tadeu, nona Lúcia não cabia em si de contente e disse:
 - Maria, ma che bello bambino!
    Todos nós queríamos carregar o nenezinho e a nona também, embora tivesse 85 anos. Ela não presenciou mais nenhum nascimento, pois faleceu meses depois.
Outros rebentos vieram: Luiz, Maria Rita, Ronaldo e os gêmeos Mário e Lúcio.
Certidão do 2° casamento.
                                    
                                        O NASCIMENTO DOS GÊMEOS
    Aproximava-se o dia em que Maria daria à luz. Ela não sabia que seriam gêmeos.
Na tarde de 19 de janeiro de 1962, véspera da tradicional festa de São Sebastião, Maria relatou à minha irmã Doraci que sentia as dores do parto.
Meu pai e seus cunhados, João e Natalino Canela, estavam trabalhando no barracão da máquina de arroz, nos fundos de nossa casa, fazendo uma instalação de água. Doraci, imediatamente foi chamar meu pai que a atendeu imediatamente. Maria lhe pediu para que fosse chamar a mãe dela, dona Narcisa Comune Canela e também a parteira dona Ana.
Horas depois nasceram os gêmeos. Uma hora depois do parto, Maria percebeu que estava com hemorragia e desmaiou.
Apavorado, meu pai chamou o doutor Francisco de Assis Araujo, que conseguiu estancar a hemorragia. Pouco depois ela voltou a si.
Ao anoitecer, na troca de fraldas dos bebês, perceberam manchas de sangue na roupa de um deles. Observaram que, na correria, esqueceram de amarrar o cordão umbilical e a criança corria perigo de vida.
Padre Lúcio Canela, irmão de Maria, estava de férias em Monte Sião e achou melhor batizá-las imediatamente.
À noite havia festa na barraca e a banda de música local tocava alegremente. Meu pai e seu cunhado Natalino solicitaram aos músicos Jair Zucato e Vantim Jaconi que fossem os padrinhos de batismo dos gêmeos.
Assim, Jair e a esposa Terezinha de Castro Ribeiro Zucato, batizaram Lúcio. Fioravante Jaconi (Vantim) e Waldomira Comune Jaconi, batizaram Mário.
    O perigo passou e o gêmeo em questão é meu irmão caçula Lúcio, casado com Vânia Maria Pioli e pai do adolescente Caio José.
           
                                                             NONA LÚCIA
Nono Luigi faleceu em 1929 quando meu pai tinha 16 anos e era o caçula dos irmãos. Quando ele se casou, a nona continuou a morar junto, até o dia em que nos deixou para reencontrar com seu marido e filhos. Era baixinha, olhos azuis e pele rosada. Como toda italiana, trajava sempre saia longa até aos pés.
Gostava de queijo com polenta e almeirão cozido e também apreciava a bebida menta, moderadamente.
Ajudou a nos criar, sempre nos orientando para seguir o caminho do bem e da honestidade. Era católica fervorosa. Quando mudamos para Monte Sião, todas as manhãs, ela ia à missa e à noite rezava o terço, em latim, na companhia de toda a família.
Conversava conosco somente em italiano. Ela gostava muito da sua nora Maria e vice-versa.
Nona nasceu em Vobarno, Itália, em 1868 e faleceu em Monte Sião, em 28 de outubro de 1954, com 86 anos.

                                             NOSSAS ÚLTIMAS VIAGENS
Último passeio de meu pai a São Paulo em visita ao seu filho Mário (ao centro)

                                                              Autora: Maria Canela Labegalini (esposa)
    Antes de falecer, meu marido Último Labegalini dava a entender que tinha uma obrigação a cumprir: visitar os filhos que residiam distantes de nós (ou talvez despedir-se deles).
No dia 20 de setembro de 1992, partimos com destino a Linhares, no Espírito Santo. Ficamos até o dia 24, aniversario do nosso filho Ronaldo. A chegada e a festa foi uma alegria para todos nós.
No dia seguinte, preocupado com sua saúde, ele quis retornar para Monte Sião.
    Em 11 de outubro fomos para São Paulo visitar outro filho, Mário. Como Deus está sempre presente em nossas vidas, no dia 12, dia de Nossa Senhora Aparecida, Mário nos levou para participar da missa na Catedral da Sé. Que alegria para mim ao vê-lo tão feliz, recebendo Jesus pela última vez, na sua vida de verdadeiro cristão, católico perseverante no seu Batismo e fiel ao seu compromisso de esposo, pai, amigo e companheiro sempre presente.
    Voltamos para casa no dia 15 de outubro, data do seu aniversário.
Ele pediu-me que não fizesse nenhuma festa de comemoração, pois não estava sentindo-se bem.
Ele não conseguiu ver pela última vez as filhas Doraci e Durvalina que residiam em outras cidades. Faleceu em 1 de novembro de 1992, cumprindo sua missão com honestidade e carinho para com os filhos, netos e bisnetos. Retornou para a Casa do Pai. Tenho certeza que ele foi bem recebido pelos seus, que o esperavam para a Vida Eterna.
                        12/03/2003

                            MEU PAI E MEU AMIGO – O CREPÚSCULO DE UM BRAVO
               (Artigo publicado no “Jornal Monte Sião”, em dezembro de 1992, escrito por mim).
    Tudo começou numa cinzenta quinta-feira, com uma pequena falta de ar. Depois da radiografia, o médico constatou pneumonia dupla.
Iniciou-se o tratamento, mas os antibióticos não conseguiam debelar a doença e seu estado de saúde foi-se agravando. Na manhã de domingo veio a parada cardíaca. A nossa estrela-guia se apagou e foi o fim de uma existência digna, de trabalho, amor e dedicação.
    Não sei se foi premonição, mas um fato aconteceu, deixando transparecer que ele estava se preparando para nos deixar: um mês antes da sua morte, ele foi visitar seu filho Ronaldo em Linhares, Espírito Santo, que ia fazer aniversário. Comemoraram e festejaram juntos esta data. Aqui chegando, foi visitar outro filho, Mário, em São Paulo. Ficou a impressão de que ele foi despedir-se desses dois filhos. Outras coincidências também aconteceram: na hora exata em que ele faleceu no Hospital Vera Cruz, em Campinas, o relógio da sua esposa Maria (minha segunda mãe), parou de funcionar. No dia seguinte voltou a funcionar normalmente.
Durante o velório, um olho de meu pai ficou um pouco entreaberto e nós, por mais que tentássemos, não conseguíamos fechá-lo. Seus onze filhos estavam presentes, mas faltava o último a chegar, o Ronaldo. Quando este chegou, de madrugada, o olho fechou-se naturalmente. Embora sem vida, estava aguardando a presença do filho.
    Na véspera da sua morte, eu estava sentado em seu leito no hospital, quando ele teve um acesso de tosse. Passada esta fase, ele se acalmou e, sentando-se também, me olhou com aqueles olhos azuis, me abraçou, me beijou e disse:
 - Meu filho, estou pressentindo que a minha hora está chegando. Quero lhe pedir uma coisa: como você é o meu filho homem mais velho, peço que cuide bem dos seus irmãos e da minha Maria. Mantenha esta união que existe entre vocês.
(Para os pais, os filhos mesmo estando casados, ainda são sempre crianças). Choramos bastante, abraçados, pois eu também pressentia que iria perdê-lo, que não mais ouviria o seu sotaque italiano, que ele não mais iria fazer seu exercício diário, caminhando um percurso de 5 Km., e não mais assistiria aos jogos de futebol local do seu time preferido, a Associação Atlética Monte-Sionense, de quem era um torcedor fanático desde a sua fundação e acompanhava o time onde quer que fosse jogar.
Gostava também do time “Garapa”, pois seus filhos Lúcio e Ronaldo jogaram nele. No dia do seu sepultamento, numa derradeira homenagem, esses dois times enviaram suas bandeiras para serem depositadas em cima da urna funerária.
    Aos 79 anos não fumava, não consumia bebidas alcoólicas e cuidava da sua saúde com todo o rigor. Quando me via fumando, me advertia:
 - Meu filho, pare de fumar. O cigarro prejudica seus pulmões.
(Que ironia da vida. Ele que tinha os pulmões sadios, morreu de pneumonia).
    Um dia desses fui convidado a jantar em sua casa e disseram-me para assentar-me na cabeceira da mesa, no lugar que ele sempre ocupou. Olhei, emocionado, a cadeira vazia e lembrei-me da música do Sérgio Bittencourt: “Naquela mesa ta faltando ele, e a saudade dele ta doendo em mim”.
Refiz a emoção e senti-me, sentindo a sensação de que ele estava ao meu lado, participando conosco daquela refeição e alegrando-se em ver todos nós reunidos, como sempre gostou.
    Eu admirava muito, pois batalhando em seu armazém, criou 12 filhos, conseguindo formar quase todos em cursos superiores.
    Deixou 26 netos e 6 bisnetos. Ele era o elo que nos unia ao ponto de convergência da nossa família. Sempre dizia que a nossa vida era como um livro de historias, que estava sendo escrito, mas nunca teria fim.
    Aos domingos de manhã, quando eu ia até sua casa, sempre o encontrava sentado em sua poltrona predileta, assistindo ao campeonato italiano de futebol ou qualquer outro jogo. Sua paixão era o esporte, pois quando jovem, jogava muito bem de lateral no time dos Labegalini. Nunca o vi assobiar ou cantar, mas gostava muito de dançar, mesmo ultimamente.
    Tenho certeza de que ele, estando em sua última morada, continua derramando suas bênçãos sobre sua família, nos orientando nos momentos de indecisão.
    O seu pôster, sentado sobre uma toalha na praia, de camiseta azul, sua cor preferida, continua na parede da sua casa. Quando vou lá, tenho a impressão de que ele está me esperando, me olhando sorridente, convidando-me a assentar ao seu lado para tomar um cafezinho e bater aquele gostoso papo.

                                                O ANJO DA GUARDA MORREU
                                                                     Márcio Roberto Labegalini - Novembro 1992
    Enquanto eu descia a Rua Direita, na madrugada do Dia de Finados, carregava comigo a tristeza de que aqueles olhos azuis não mais repousariam no sofá...e que seu sotaque italiano (apesar de nunca ter estado lá), jamais seria ouvido.
    Neste pequeno trecho entre o bar do Pery e a casa de meu avô, recordei o quanto ele me ajudou a arquivar em fita de vídeo, as histórias do tio-avô Batista e estávamos tentando fazer o mesmo com o tio-avô Antônio.
    Porém, me esqueci que a vida é assim...nem justa, nem injusta. Na verdade, não temos controle nenhum sobre ela...e, de repente, meu avô partiu sem conseguir a sua Cidadania Italiana, sem conhecer a Itália e sem que eu mesmo o conhecesse melhor.
    Na verdade, eu não queria acreditar que ele poderia partir antes de seus dois irmãos mais velhos, principalmente porque ele era o ÚLTIMO, o caçula, o mais lúcido e o mais cuidadosos com sua saúde.
    Lembro-me de pequenos detalhes do dia da sua morte: quando cheguei e resolvi entrar pelo portão dos fundos, encontrei na entrada da cozinha meus tios Tadeu, Luis e Lúcio. Abraçado ao tio Tadeu, pela primeira vez chorei...e ele me disse:
 - A vida é assim mesmo!
Perguntei pelo meu pai e disseram-me que ele estava na copa. Antes de encontrá-lo, meu irmão caçula me abraçou, também chorando...então vi meu pai (sereno e tranquilo), que nos abraçou e disse:
 - A vida é assim! ... Logo a seguir vi minha madrinha (segunda esposa de meu avô) na porta da cozinha, também serena e tranqüila, que me abraçou e, mesmo sem dizer nada, somente pelo seu olhar, senti que a vida é mesmo assim.
    Mais tarde, o Romeu Labegalini me contou que o Nenê (filho do tio Batista), disse-lhe que o anjo da guarda de seu pai (meu avô) havia morrido.
    Com o passar dos dias, fui acreditando que a vida é assim...e da morte de meu avô, fiz a história de um anjo azul, que morreu no Dia de Todos os Santos, foi sepultado numa linda manhã de Finados, talvez reclamando que o sol estava muito quente e que neste dia deveria chover. Assim partiu, em seu trem azul chamado “A VIDA É ASSIM”, levando na mala a sua honestidade e sua paixão pelo futebol e a “nossa” identidade perdida.

                                           SAUDADE, TEMPO E DISTÂNCIA
                                                                                Ronaldo Ap. Labegalini
    Se pudesse voltar o tempo e dizer a meu Pai tudo que não disse.
Se pudesse voltar o tempo e ouvir do meu Pai tudo que ele não me disse.
Na verdade...se pudesse voltar  o tempo, me bastaria tê-lo, sem nada a dizer ou a ouvir. Somente tê-lo de volta.
    Sério demais, carrancudo demais, severo demais, honesto demais, trabalhador demais, justo demais, humilde demais, filhos demais, mas tempo de menos.
    Faltou tempo para conversarmos, faltou tempo para nos divertir, faltou tempo para nos conhecer-mos, faltou tempo para nos contar estórias, faltou tempo para muita coisa, menos para AMAR cada um de os, seus doze filhos. À seu jeito, à seu modo, como lhe era possível, mas AMOR nunca nos faltou.
    É fácil saber quando se foi amado por um Pai. Basta ver aquilo que copiamos dele na criação de nossos filhos. Não sou o melhor exemplo, tive falhas com alguém que hoje aprendi a amar, nunca é tarde. No entanto, aposto  o que tenho, se a cada situação de dificuldade ou dúvida, os doze filhos não pensam ou pensaram em como o papai resolveria ou resolveu aquela dita situação, e então o copiamos.
    É muito difícil dele sem o incômodo das lágrimas se formando e a saudade batendo forte como se somente uma distância física nos separasse.
    Sonho com papai regularmente e sempre sonhos deliciosos, divertidos, alegres, e é tão bom que me faz acreditar que onde ele estiver, está bem. Tão bem quanto mereça estar um grande homem, um grande marido, um grande Pai.
    Deus é muito sábio e chama logo para perto dele só os melhores. E com nossa família não foi diferente: além do papai, levou para distrair a todos, o nosso irmão mai alegre, mais controverso e mais amigo, para estar, talvez, cuidando do papai numa eventual crise nervosa ou coisa parecida.
    Deus realmente é muito sábio, levou dois e nos mandou outros trinta ou mais, entre filhos, sobrinhos e netos para preencher o espaço que havia vagado no nosso coração.
     Se me fosse dada a chance de escolher minha família, tenho certeza absoluta que minha escolha não chegaria aos pés da que tenho, sem ter escolhido ninguém. Problemas existiram, existem e vão existir, mas como lidamos com eles é que demonstra a união, força, e o amor que existe na família.
    Pena que o destino me trouxe para tão longe de todos. A falta que sinto do calor dessa união é algo que não encontro palavras para descrever. Adoro a todos.
            Linhares, junho de 2002

                                                                    A  PARTIDA

                                                                                      Romildo Labigalini
    Maria, minha segunda mãe, não suportando a saudade do meu pai e do filho Luiz, resolveu partir, repentinamente, ao encontro deles, sem ao menos nos avisar.
Na manhã de sexta-feira, O3 de fevereiro de 2012, ela estava dormindo, tranqüila e serena, em paz com o mundo e com Deus, pois na véspera assistiu a missa na Igreja Matriz e comungou. Estava preparada para a viagem. E partiu.
    Com certeza ela foi recebida no céu com muita alegria por meu pai, meu irmão Luiz, seus pais Sr. Adolfo Canela e Dona Narcisa e também seus irmãos Antonio, Natalino, Lúcio, Sebastião e muitos parentes. Ela colheu aquilo que plantou e regava continuamente: amor, união, compreensão e uma fé sem limites. Deixou um vácuo em nossas vidas, pois não temos mais aquela pessoa carismática que nos recebia com tanta alegria na chácara de nossa família no bairro da Mococa, aqui em Monte Sião.
    Embora com a idade avançada de 87 anos, ela fazia questão em preparar nossa comida e com aquelas abençoadas mãos que elevavam preces a Deus pedindo proteção para toda a família, também faziam deliciosos pães, sempre colocados com muito amor em cima da grande mesa. Quase todas as vezes que eu ia lá fazer minhas refeições, ela já havia preparado o alimento que eu gosto muito: polenta com almeirão cozido. Quando eu chegava ela dizia sorrindo:
-- Fiz especialmente para você!
          Todos nós vamos continuar a freqüentar aquela chácara que nos traz boas recordações, pois temos certeza de que ela, meu pai, meu irmão Luiz, estarão junto de nós numa alegre confraternização.
Da esquerda para a direita : meu irmão Luiz (quando ainda tinha cabelos), o zagueiro  José Oscar Bernardi  da seleção brasileira e meu pai.
Meu pai e sua esposa Maria.

Da esquerda para a direita: nosso amigo Carlinhos Resende, meu pai e meu irmão Luiz. Nesse dia eles foram os cozinheiros no almoço de domingo na chácara da nossa família. 

Meu irmão Mário e a placa da Rua Último Labegalini.

Meu pai e a sua esposa Maria em um momento de lazer.

Para matar a saudade ...
Meus irmãos Mário e Irene, meu pai Último tendo ao colo seu sobrinho Elizeu Labigalini Jr. - 1968


A casa em que meu pai morava na Rua Tancredo Neves,177.

Da esquerda para a direita: Luiz Atílio Pennacchi, Tio Batista e sua esposa Sebastiana, minhas irmãs Elsa e Rita, Maria e meu Pai.


Da esquerda para direita: Todos Labigalinis. 
João Gotardo, Tio Antônio, Tio Batista, Último (Meu Pai) e Líbera (Libby) - ela reside nos EUA e veio fazer uma visita aos parentes aqui em Monte Sião. Foi aproximadamente em 1980.


Da esquerda para direita, em pé: Meus primos Estevam, Benjamim e meu irmão Tadeu.
Sentados: Meus primos Benedito (Ditinho), Sebastião e meu pai Último. Foto tirada em Kaloré.




             FESTA DO CENTENÁRIO DE IMIGRAÇÃO EM MONTE SIÃO

De 11 a15 de outubro de 1995 foi realizada a VI Festa do Imigrante Italiano em Monte Sião, proporcionando muita alegria aos descendentes italianos de toda região, mostrando a tradição e os costumes dos imigrantes do passado e homenageando os 100 anos de imigração da Família Labigalini.
A Programação foi a seguinte:
No dia-11, abertura da festa no Centro de Exposição e Lazer, ás 20:30 horas foi servido um jantar organizado pelo Rotary Club, Casa da Amizade e do Círculo Ítalo-Brasileiro.
Em seguida foi realizado um show com o conjunto “Canori D’Italia”, de São Paulo, sob a regência do Padre Antonio Prezori, da Paróquia de Santa Margarida Maria.
             Dia 12- A partir das 18:00 horas, iniciou-se o funcionamento das cantinas montadas em praça publica , com pizzas, vinhos especiais e comida típica.
              Em palanque apropriado montado no centro das festividades, apresentação do conjunto “Canori D’Italia”.
             Dia 13- ás 19:00 horas, missa do Imigrante Italiano, celebrada pelo padre Arnaldo Nulle,  contendo homenagem ao grupo de cantores do Coral, todos descendentes de Italianos, que há 25 anos eram os responsáveis  pelos canticos na missa vespertina dos sábados . Da nossa família Labigalini eram: meus primos Ugo - maestro, violão e canto, seu irmão Nelson (Nenê) - canto, Lourdes - violão e canto, minha irmã Elsa  e eu - canto. Em seguida, apresentação do show com o conjunto “Os Guaranis”, grupo folclórico do Rio Grande do Sul.
Ás 23:00 horas, baile na Associação Atlética Monte-Sionense, com a “Banda D’Italia”, de Rio Claro- SP.
Dia 14-sábado- Funcionamento da cantina e novamente show com o conjunto “Os Guaranis”. Exibição de bandas de musica.
Dia 15-domingo- ás 05:00 horas , alvorada á moda italiana com banda de musica local e queima de fogos. Na barraca foi servido bolo , biscoito caseiro e leite com chocolate aos presentes.
Ás 11:00 horas , belíssimo desfile homenageando a Colônia Italiana,com a presença da primeira geração dos descendentes de italianos.

                Em meio ao desfile , um carro alegórico representando os 100 anos de imigração da Família Labigalini (1895/1995) , com placas escritas com os nomes de Luigi  Labigalini e Lucia Crescimbeni Labigalini, sentados no banco os bisnetos (meus filhos) Márcio e Mônica em trajes característicos , representando o “Nono e a Nona”.
                  Após o desfile , no palanque central a homenagem á Família Labigalini, representada pelos descendentes mais velhos:
Tio Santinho Labigalini, residente em Marumbi-PR, José Labegalini (Bepe) meu primo de Jacutinga- MG e Luis Labigalini (Ginco) meu primo Monte Sião-MG , que receberam das mãos do Prefeito Municipal Dr. Antonio Oswaldo Bernardi  um pergaminho com os dizeres:
“Á Família Labigalini , expressão de trabalho, capacidade e sentimentos fraternos, enraizados em todos os seus descendentes , ao longo do Centenário de sua imigração 1895-1995 , a Homenagem do Círculo Ítalo-Brasileiro   de Monte Sião”.
Terminadas as homenagens , meu irmão professor Antonio Tadeu Labegalini discursou em agradecimento á família homenageada.
  Ás 20:00 horas apresentou-se o “Coral dos Imigrantes Italianos” de Monte Sião, regido pelo Dr. Mariano Silva, acompanhado pelo Acácio Cétolo ao violão e Gilberto Pennacchi ao saxofone.
  Vieram de Marumbi, juntamente com tio Santim, sua esposa Páscoa, seus filhos Aristides, Irineu e sua neta Alessandra.

   De Jundiaí vieram minha irmã Doraci , seu marido Étore e seus filhos Rita , Júlia , e Fernando, (que tem uma banda em Jundiaí e cantou , também representando nossa família a tradicional musica italiana “Mazzolin di Fiori”).
Meus filhos Márcio e Mônica caracterizados como nono Luigi e nona Lucia , na comemoração do centenário da imigração- 1995.

Adesivo que minha irmã Elsa mandou confeccionar em comemoração aos 100 anos de Imigração  do Nono Luigi.
Tio Santim e sua esposa tia Pascoa, seu filho Aristides, minha 2° mãe Maria, meus irmãos Mário e Elsa, na festa do Imigrante Italiano 1995.
                   CARTA DE MEU FILHO MÁRCIO A SEU FILHO LUIGI

   
                    Campinas-SP, 16 outubro de 1995.
             Caro amado filho LUIGI LABIGALINI,
   Ontem comemoramos o centenário de imigração da nossa família na Festa do Imigrante Italiano de Monte Sião-MG. Foi uma festa magnífica, cheia de emoção e alegria. Eu representei meu bisavô , que também se chamava Luigi Labigalini como você. Minha irmã, a Mônica, representou minha bisavó, a esposa de Luigi, que se chamava Lucia Crescimbeni.
   Queria deixar registrado alguns detalhes desta festa e gostaria muito que daqui 50 anos você e sua irmã Isabella representassem nossa família na comemoração dos 150 anos de nossa imigração para América.
   O bigode que eu usei foi feito com os cabelos de minha irmã Mônica e foi confeccionado pelo meu primo Benedito Dorta Neto, filho de Afonsina Labigalini, bisneto de Luigi Labigalini. O chapéu era do meu avô Ultimo e foi devolvido á sua esposa Maria, mesmo assim tentarei guardá-lo. 
   O meu terno, que mal cabia em mim , pois já fazia 10 anos que eu não o usava, tentarei guardá-lo para a  futura comemoração (se couber em você é lógico).
   Outro detalhe é que meu bisavô chegou ao Brasil com33 anos em  1895, pois ele nasceu em 1862, e eu também desfilei em sua homenagem em 1995 com 33 anos, pois nasci em 1962.
   Caso haja a festa no ano2045, espero ainda estar vivo e poder abraçá-los com este mesmo amor que hoje sinto por você e pela Isabella. Porém, se eu estiver ausente, sintam-se felizes do mesmo modo, pois estarei abraçado com meu pai Romildo, meu avô Último e meu bisavô Luigi, todos nós felizes e alegres por vocês darem continuidade na família Labigalini.
                                             Beijos, Papai
Meu filho Márcio e seus filhos Luigi e Isabella. Em seu colo sua enteada Júlia. 

Tio Primo Labigalini

Tio Primo e seu filho Lazaro - 1938.

Tio Primo nasceu no Brasil no dia 16 de março de 1902, na Fazenda   São Joaquim, município de Itapira-SP.
Posteriormente mudou-se com os pais para o Bairro Labegalini. Casou-se com Elvira Brischiliari e tiveram 8 filhos: Luiz, Pedrinha, Aleoprando, Lázaro, Ana, Ovidio, Romeu e Antonieta.
    Como os demais irmãos, gostava muito de futebol, embora não jogasse. Sua função era juiz. Mesmo quando vinham times de outras localidades, era ele que apitava o jogo, agindo corretamente.
Aprendeu música com o primo italiano Joanim e tocava clarineta no conjunto musical dos Labegalinis. Esse conjunto abrilhantava os bailes nas redondezas. Quando alguém necessitava em tomar injeções, era ele quem aplicava.
    Seu pai faleceu e lhe deixou – também aos outros filhos – um sítio onde ele trabalhava muito, cuidando das lavouras e do fumo. Certo dia tio Primo sentiu uma dor de dentes e seu rosto foi inchando. Foi até o dentista em Jacutinga, que lhe disse não poder extraí-lo, pois estava inflamado. Receitou comprimidos e uma compressa quente  com pinga e cânfora. À noite tio Primo fez isso. Na manhã seguinte estava frio e garoando e, mesmo assim, ele foi trabalhar no processamento do fumo em corda, que consistia em transferir um rolo para outro, através de um “cambito” manual, para que o fumo não melasse. Ficou todo molhado e à tardinha já não estava se sentindo bem.
O rosto ficou ainda mais inchado e ele procurou o médico doutor Jovino, em Serra Negra, pois suas gengivas estavam escuras. Este médico suspeitou  que fosse tétano. Mesmo assim tentou fazer a cirurgia, mas era tarde demais.
Tio Batista foi buscá-lo em Serra Negra, no carro Chevrolet 28 do Flávio Glória e na volta tio Primo pediu à sua comadre Sebastiana –esposa de tio Batista- um copo de água com açúcar. Tomou somente a metade. Foi levado para sua residência no Bairro Labegalini, desenganado, e faleceu dias depois, em 27 de agosto de l941, aos 39 anos de idade.
Seu filho mais velho, Luiz (Gino), arrimo da família, foi convocado para servir o Exército. O filho caçula, Romeu, tinha poucos meses de idade. Durante todo o tempo que Gino permaneceu no Exército, meu pai e tio Batista ajudavam nos serviços da lavoura e orientavam os sobrinhos.
Os familiares do tio Primo tinham muito respeito e gratidão para com meu pai e tio Batista. Tia Elvira nasceu em 25 de maio de 1902 e faleceu em 11 de setembro de 1979, com 95 anos de idade.
Ela foi uma heroína, pois estando viúva, criou e educou todos os filhos com muito carinho e dedicação.

Tio Antonio Labigalini

Sentado: tio Antonio Labigalini
Em pé : meu pai Último
Foto tirada em Aparecida do Norte - 1933
Trecho que meu filho Márcio Roberto Labigalini escreveu
    “Sábado, 28 de agosto de 1993, faleceu o último filho da terceira geração da Família Labigalini.
      Assim partiu tio Antônio, o mais temeroso da morte, aquele que nos últimos dias de vida chegou a pedir ao coveiro que, quando morresse, enterrasse somente o caixão e deixasse o corpo ir-se embora. Assim era tio Antônio, o que mais sofreu, quando garoto, nas brincadeiras nada saudáveis do tio Batista.
    Mas a vida é mesmo assim. Em nove meses perdemos os três remanescentes: meu avô Último, tio Batista e tio Antônio. Os três apaixonados pelo futebol e, com certeza, os responsáveis pela brilhante vitória do Brasil sobre a Bolívia, no domingo, 29 de agosto. Foi por isso que tio Antônio partiu no sábado. Não queria se atrasar para assistir o jogo na companhia dos seus irmãos que já haviam partido”.
Tio Antônio nasceu em 1908 e faleceu em 1993 com 85 anos.
Da esquerda para a direita: Tios Antonio, Batista e meu pai.

Tio João Batista Labigalini

Casamento de Tio Batista com Tia Sebastiana - 1922.

Tio Batista, quando criança era um verdadeiro “capeta”. Estava sempre “maquinando” alguma coisa para fazer suas travessuras.
Eis algumas delas:
                                                TRAVESSURAS DE TIO BATISTA
           
                                                                     A PIMENTA
    No bairro Labegalini, nos seus 10 anos, ele e seu irmão Antônio (6 anos) tinham um carrinho puxado por dois carneiros, um dos carneiros eram bravo. Tio Batista sempre mandava tio Antônio pegar o bravo no pasto. Um dia tio Antônio recusou. Mas isso não ia ficar assim. Quando os dois estavam indo para a escola no bairro, tio Batista avistou um pé de pimenta comari madurinha. Já sabia o que iria fazer. Na volta, sem que tio Antônio percebesse, ele catou umas pimentas. Agarrou tio Antônio pelo pescoço e perguntou:
 - Antônio, o que é que você tem nos olhos?
Tio Antônio respondeu que não tinha nada e abriu os olhos.
Tio Batista espremeu a pimenta e pingou nos olhos dele.
Tio Antônio rolava pelo chão de tanta dor. Quando chegou em casa tio Batista levou uma surra de seu pai.
    
                                                      O MATADOR DE PINTINHOS
    Estavam indo para a escola. Quando iam passando em frente a casinha do Chico Franco, que tinha malhado feijão na véspera, ainda havia muitas palhas e as varas usadas na batida do feijão, no terreiro. Algumas galinhas e seus pintinhos ciscavam o chão. Ele se virou para seu irmão Antônio e disse que na volta iria matar os pintinhos. Não deu outra. Pegou a vara e matou mesmo todos os pintinhos. O maestro Epifânio, que morava em frente, viu tudo e gritou para ele: - “Batisti, canalha sem-vergonha, malcriado, desordeiro, maldito, amanhã vou contar tudo para seu pai.” E contou, tio Batista apanhou “pra cachorro”.

                                                                 O ARTESÃO
    Já rapazinho, aprendeu a fazer guasca de couro e vendia por 500 réis. Como não tinha dinheiro para comprar o material, arquitetou um plano: Seu pai tinha uma bela cabra branca, que dormia ao lado do chiqueiro. À noite tio Batista pegou uma lasca de madeira e bateu na cabeça da cabra, matando-a. No dia seguinte seu pai viu cabra a morta e a nona já veio chorando com pena dela. Acharam que havia morrido de doença. Ele ficou quietinho. Como seu pai ia jogá-la fora, tio Batista a pediu. Tirou o couro dela e fez laços e guascas. Era “marvadinho”.

                                                                 NA ENCHENTE
    Quando moço, tio Batista estava regressando da casa da sua namorada (tia Sebastiana), à cavalo. Estava chovendo bastante e o rio Eleutério muito cheio. Uma grande enchente. Ele queria voltar para casa e resolveu atravessar i rio. Do outro lado havia uma casa do seu amigo Joaquim Alves. Quando a esposa deste viu tio Batista chegar na beira do rio, gritou:
 - Batista, não faça isso. Faz três dias que ninguém consegue passar.
Teimoso como era, esporeou o cavalo, que se atirou ao rio, ficando somente com a cabeça de fora. A água batia na cintura do tio Batista. Quando estava no meio do rio, pensou que ia morrer. Pulou do cavalo e a correnteza foi levando os dois. A senhora que a tudo assistia, rezava para Nossa Senhora Aparecida para que ele se salvasse.
Ele afundava e boiava. Mais a baixo havia uma curva no rio e algumas árvores tinham seus galhos cobertos pela água. A correnteza o levou naquela direção e ele agarrou um galho. Estava de paletó, sapato, polaina e fazia esforço para tirá-los, pois estavam muito pesados. A senhora veio correndo com uma corda, atirando-a em sua direção e conseguiu puxá-lo. Ele sentou-se no chão e começou a chorar, agradecendo por estar salvo. Ela o levou para dentro da casa, fez um café forte e o serviu. Partiu para sua casa à pé.
O cavalo também conseguiu se safar. Estava em pêlo, sem arreio, rédeas, nada. Ele sempre dizia que tinha recebido um milagre.
                                                                      **************
    Tio Batista sempre foi o mais alegre e divertido dos irmãos. Cantava, tocava sanfona, jogava futebol, dançava, bom comunicador. Casou-se com Sebastiana Brischiliari e tiveram 5 filhos: Assunta Aparecida, Mario, Ugo, Nelson e Cláudio.
    Quando se casou houve uma grande festa em que ele também tocou sanfona. Foi viajar para Aparecida do Norte onde ficou oito dias passeando. Quando voltou teve outra festa com mais de cem pessoas entre familiares e amigos. Trabalhava na lavoura e molhava duas camisas por dia. Na enxada era sacudido, sempre tirava meia tarefa a mais do que os outros. Ainda sobrava um tempinho paras comprar aves e ovos, que revendia para o Cesário Leite em Jacutinga, transportando em uma carroça. No retorno trazia mercadorias: macarrão, açúcar mascavo, farinha de trigo, querosene para as lamparinas, sal e aviamentos para revender: ramona, colchete, botões, brim cáqui, botina e outros.
    Era sanfoneiro de primeira – aprendeu a tocar sozinho – e tocava em festas de casamento e em bailes, aos sábados, na tulha do nono Luigi, sempre lotada. Meia hora antes do inicio do baile, havia o espetáculo de marionetes do Bepino Valdissera. Os bailes eram tão animados, que vinham pessoas dos bairros vizinhos e de Jacutinga. Nesses bailes o conjunto recebia dez mil réis por noite. Miguel Preto integrante do conjunto tocava violão e quando ele cantava a seguinte música ninguém ficava sentado:
    “Eu não bebo pinga
      Eu não bebo nada
      Loirinha do cabelo loiro
      No meio da muierada”.
    Quase todas as tardes tio Batista pegava a sua espingardinha e ia caçar debaixo dos pés de amora e laranja. Tinha muitos pássaros, sabiá do campo, juriti, sanhaço e sanhacira. Enquanto tio Batista abatia as aves seu filho pequeno Ugo, as juntavam.
        
                                                           O CONQUISTADOR
    Tio Batista já era casado e tinha dois filhos. Era um homem bonito, alto, olhos azuis, um “tipão”. Com sua sanfona “Stradella” conquistava muitas admiradoras, mas era um “pelandrão”. Enquanto tocava, ficava observando as moças mais bonitas do salão. Era um verdadeiro “gavião” e não podia ver rabo-de-saia. Quando via uma moça bonita, passava a sanfona para o Zé Amador e ia dançar com ela. Certa noite foi tocar num bairro vizinho e conheceu uma linda moça de Jacutinga. Dançaram naquela noite, nas outras também e começaram a namorar porem ela não sabia que ele era casado, ele não disse.
    Nos bailes seguintes a moça vinha e ficava na casa de parentes. Mas o que é bom dura pouco. A moça foi passear na casa de uma amiga que morava próximo ao Bairro Labegalini. Essa amiga a convidou para conhecer dona Lúcia Labigalini (mãe do tio Batista, ele juntamente com a esposa e os filhos moravam com ela).
    Num domingo, tio Batista estava na janela do casarão. Avistou lá embaixo duas mulheres que vinham em direção a sua casa e reconheceu a namorada. Antes que elas chegassem, deu uma desculpa para sua esposa, embrenhou-se no cafezal e ficou lá até que elas se retirassem. Voltou para casa desenxavido, xaveludo e triste com o fim do romance. A moça foi muito discreta, apesar de ter conhecido a esposa e os filhos do tio Batista, nada comentou, apenas deu um fim no namoro.
       
                                                                 O SOLDADO
    Corria o ano da Revolução de 1932.
Na Fazenda Labegalini todos estavam em polvorosa, com medo desta batalha. Tio Batista já era casado.
Apenas o colono Ditão gabava-se de que não tinha nenhum receio dos soldados, pois era muito corajoso.
Tio Batista, que desde pequeno era um “capeta”, arquitetou um plano para assustá-lo, tudo combinado com seu irmão Antônio.
Certa tarde, três dos colonos estavam lavando café, espalhando-o no terreirão de terra batida. Tio Antônio estava com eles. Tio Batista vestiu uma velha farda de soldado pertencente ao seu irmão Elias (herói da Guerra Íta-lo-Turca de 1912), colocou botas, quepe e apanhou uma espingarda. Caminhou até uma porteira perto dos colonos e que sua tropa estava na estrada ali perto, e que necessitava de um voluntário para guiá-los até Monte Sião. Tio Antônio respondeu que poderia escolher quem ele quisesse, Tio Batista apontou para o Ditão.
Este já amarelou, começou a tremer e disse ao “Oficial”:
 - Estou no cú da onça. Deixa ao meno eu i dispidi da minha muié i dus meus fio.
O “Oficial” concordou. Nessas alturas os outros dois colonos deram no pé.
Ditão saiu em disparada rumo à sua casa, mas mudou de direção e entrou na mata. Já estava escuro quando familiares e amigos foram procurá-lo. Gritaram seu nome e ele apareceu, ainda trêmulo, com os olhos arregalados e um bando de moças o acompanhava.
Disseram que tudo não passava de uma brincadeira, mas era tarde demais. Ele estava todo “borrado”, até dentro do sapatão. Durante uma semana ficou tomando chá de hortelã e erva-cidreira para se refazer do susto.
        
                                                               O CAÇADOR
     Tio Batista gostava de caçar passarinhos... e comê-los também. Fez uma ceva na beira da mata, onde colocava farelo de milho para atrair os pássaros. Juritis e rolinhas chegavam aos bandos.
Sempre deixava armada uma arapuca e pegava alguns pássaros. Mas ele queria pegar bastante, fazer uma “passarinhada”.
Tinha uma espingarda de um cano, de carregar pela boca. Foi até Jacutinga e comprou a munição: chumbo fino e pólvora preta e branca.
Voltou contente para a casa e todas as tardes iria caçar na ceva. Carne de passarinhos não mais iria faltar.
 À tarde foi municiar sua espingarda. Colocou chumbo, pólvora e bucha até a metade do cano e socou bastante com uma vareta. Queria fazer um “estrago”, matar mais de vinte rolinhas com um só tiro.
    Feito o “carregamento”, dirigiu-se à sua esposa e disse:
 - “Bastiana, pode começar a fazer a polenta, que na nossa janta vai ter muitas rolinhas”.
Pegou o embornal maior que tinha, colocou-o a tiracolo, apanhou a espingarda e partiu.
    Quando chegou à ceva já havia algumas rolinhas, mas eram poucas. Esperou mais e começaram a chegar. Ansioso, ficou atrás de uma árvore, apoiou a espingarda numa forquilha para dar maior segurança, puxou o gatilho e ... BUUUUMMMMM.
O impacto foi tão grande que ele caiu de costas. A fumaça era tão intensa que não enxergava mais nada. Pensou até que estava cego.
Quando a fumaça dissipou, olhou para a ceva e não tinha nenhuma rolinha abatida. Esvoaçaram todas com o estampido. Olhou para o resto que sobrou da espingarda: o cano havia estourado em mil pedaços. Estava segurando apenas a coronha da arma em suas mãos.
    Voltou para casa de mãos abanando, estropiado, sobrancelhas e cabelos –ainda os tinha- chamuscados e com os ouvidos zunindo.
Tia Sebastiana perguntou:
-Tista, onde estão as rolinhas?
Ele respondeu:
- Eu não consegui trazer nem a espingarda! As rolinhas, menos ainda.
Naquela noite o jantar foi apenas polenta.
      
                                                   O AVIÃO VERMELHO
                                                                           Ugo Labegalini
    Pela manhã, ainda escuro, saíam: meu pai, três enxadas sobre os ombros; minha mãe, carregando nos braços o nenezinho que mamava no peito  e depois dormia embaixo dos pés de café. Lá atrás, o irmão mais velho levava no bornal alguma comida preparada na madrugada, com o que se tinha.
    Na morada de barrote ficava a irmã, também a mais velha, cuidando da casa e de mim, ainda menino.
    Pai, mãe e filho labutavam de cedo à tarde puxando enxada no pequeno cafezal recebido de herança.
    O pai sempre levava vantagem saindo na frente, para depois poder ajudar a mãe apreensiva pelo bebê exposto às cobras e insetos, ao dormir sobre uns panos à sombra das árvores.
    Meu irmão, rapazote, com uma enxadinha dava o que tinha para deitar o mato encontrado pela frente.
    Após o meio-dia, a irmã fechava a casa, enchia uma garrafa de café, tampava com um “tucho” feito de palha de milho, catava uns pedaços de pão – quando tinha – e algumas laranjas do quintal. Me dava a mão e saiamos levar o café aos capinadores.
    Uma tarde, agrupados na lavoura, um grande espanto. Um ronco forte e esquisito parecendo vir do céu, se aproximando a cada segundo. Sem demora, num piscar de olhos, passou rasante próximo a nós, um maldito avião monomotor, inteirinho vermelho, pregando susto e espatifando as folhas secas que cobriam o chão e levantando poeira.
    Com a zoada do vermelho, eu criança e caipira, atordoado não sabia se corria para cima ou para baixo. Desesperado, o jeito foi agarrar forte na saia da mãe Bastiana e quem dizia de largar. Era só choro e gritos enquanto os outros procuravam me acalmar.
 - Chegando em casa, lembrar de apagar umas brasas na água e fazer o menino beber para cortar o susto, ordenou o pai Batista.
    Serenados os ânimos com o ronco do bicho sumindo no espaço, o pai com as duas mãos na ponta do cabo da enxada, apoiando o queixo comentou:
 - Os mais antigos sempre disseram que avião vermelho é sinal de guerra, vamos pedir a Deus para que nada disso aconteça.
    A mãe trêmula e ainda assustada com o acontecido, respondeu:
 - Nossa Senhora, nem diga uma coisa dessa. Se estourar uma guerra será uma desgraça, ela só serve para matar inocentes e inclusive nossas crianças...
    Os anos foram passando e para o nosso bem e de todos nada disso aconteceu.
     Permanecemos na pequena morada por mais algum tempo, até quando o pai resolveu nos arrastar para a cidade em busca de escolas para os filhos e de melhores dias.
    Décadas se passaram e infelizmente pai, mãe e irmãos mais velhos se foram.
    Nunca mais vi avião vermelho. Vejo constantemente através de jornais e TV aviões de variadas cores, fazendo guerras, despejando bombas matando inocentes e, inclusive crianças.
             
                                                        TIO BATISTA NA CIDADE
    Em 1937 ele veio, com a família para Monte Sião. Comprou do Sr. Joaquim Zeca (antigo ferreiro da cidade) um velho casarão na Rua Temístocles Barcelos, 473, mais conhecida como Rua do Sapo (Hoje Rua Ernesto Gotardello).
    Anos depois ele demoliu esse casarão e construiu uma casa de moradia e comércio com varejo e atacado e revendia para outros comerciantes.
Ainda continuava com o comércio de aves e ovos, que eram transportados semanalmente para São Paulo. No retorno trazia as mercadorias e abastecia comerciantes de Lindóia, Thermas de Lindóia, Monte Sião e Ouro fino. Nesta época montou uma Transportadora “Expresso Mineiro”, com 4 caminhões novos. A frota também transportava água mineral “Lindóya” para os Irmãos Carrieri, na Alameda Dino Bueno, Bairro da Luz, São Paulo.
    Anos depois transferiu residência para São Paulo, onde adquiriu um grande empório na Rua Conselheiro Nébias, esquina com a Alameda Glete, atrás do Palácio do antigo governo Ademar de Barros.
Posteriormente, a convite de seu sobrinho atacadista em Marumbi, Virgilio Brischiliari, transferiu-se para a filial do vilarejo de Ubaúna, município de São João do Ivaí, na compra de cereais, onde permaneceu por diversos anos.
Retornou para Monte Sião, fixando residência própria na antiga Rua XV de Novembro, 155 (hoje Rua Tancredo Neves).
    Mesmo na velhice tio Batista sempre foi cortês para com todos, principalmente com sua esposa, Sebastiana. Quando ia levá-la com seu carro ao salão de beleza (ela era vaidosa), às compras ou a missa vespertina dos sábados, ele gentilmente, descia do carro, abria a porta do veículo, e de mãos dadas a conduzia.
Outra sua companheira inseparável era a sanfona “Stradella”, importada da Itália quando ainda mocinho, pelo seu pai, meu nono Luigi.
    Nasceu em 05 de fevereiro de 1905.
    Faleceu em 1993, com 88 anos.
    Tia Sebastiana nasceu em 02 de janeiro de 1903.
     Ficaram casados durante 65 anos.
    Sua frase: “Se fosse para voltar ao passado, desde criança até moço, eu não queria,... sofri muito”.

Tio Batista e sua sanfona "Stradella". Quantos bailes ele animou com esse instrumento.


Tia Sebastiana e sua filha Assunta Aparecida(Tchida), esposa de Luiz Rieli.
       Tio Batista e seu filho Mário, quando residia em São Paulo.
Os três caminhões de Tio Batista(de chapéu e gravata) - Expresso Mineiro/Monte Sião-São Paulo.
Os engradados com frangos estão no caminhão do centro.
 Tio Batista e Tia Sebastiana quando moravam em Ubaúna, perto de Kaloré-PR,
onde negociavam aves, cereais e criavam porcos em 1968.
                                          Tios Sebastiana e Batista 

Carteira de Identidade - 1943.


Certificado de Reservista.